Aspectos Para Perícia de Gravura– Versão 2020.1
Gravura
original - o artista
cria o desenho e a placa de gravação, podendo ou não, ser o responsável pela
impressão.
Gravura de reprodução – cópia de uma pintura, desenho, escultura ou até outra gravura. Nunca é feita pelo autor do original (senão passa a ser gravura original). Não é considerada falsificação desde que corretamente identificada. Normalmente há uma indicação em texto gravado, onde se encontra o nome do artista criador e do gravador ou instituição responsável pela tiragem.
Na segunda metade do século XVII essas informações passam a figurar gravadas junto com a estampa figurativa (artista criador na margem inferior da chapa). É possível encontrar também o nome do editor e do impressor. Então, tem-se: criador da obra original (esquerda), editor (centro) e artesão gravador (direita).
CUM PRIVILEGIO – Quando gravada esta inscrição indica que a estampa tem autorização e cobertura de direito autoral.
O que é considerado atualmente como falsificação para gravura:
(i) Reprodução identificada como trabalho original;
(ii) cópia tirada com a matriz original, em data posterior a morte do artista, apresentada como impressa por este, a sua ordem ou com sua autorização/aprovação;
(iii) Reprodução fotomecânica sendo dita gravura de arte;
(iv) Gravura feita “à maneira de” como sendo do próprio artista;
(v) Assinaturas falsas;
(vi) Gravuras de hoje sendo passadas como antigas.
O que é considerado como fraude:
(i) Provas impressas sem conhecimento do artista/herdeiros;
(ii) Duplicação do número da tiragem;
(iii) Colorir cópias sem autorização ou orientação do artista;
(iv) Transformar chapas acabadas em estudos, sem autorização do artista.
Um trabalho autêntico pode ser transformado em falsificação quando há, intencionalmente, uma atribuição errônea relativa à sua autoria ou originalidade.
Na modernidade foram adotadas algumas convenções:
(i) Artistas gravadores assinam todas as provas, normalmente a lápis;
(ii) As gravuras são assinadas, numeradas e com tiragem predeterminada;
(iii) Apenas a gravura original é reconhecida como arte;
Tipos de provas:
(i) P.A. – prova do artista, impressa fora da numeração para ficarem de propriedade do artista;
(ii) P.E – Prova de estado;
(iii) P.C. – prova do colaborador;
(iv) H.C. – hors commerce – provas fora do comércio;
(v) Bom A tirer – prova do impressor;
(vi) Avant la lettre – prova tirada antes das gravações das letras que acompanham a gravura. Não tem assinatura manuscrita a lápis;
(vii) Contra prova – prova do artista para continuar trabalhando na chapa.
Estampas orientais não tem, normalmente, limite de tiragem, mas apresentam três contrassenhas impressas: nome do artista, carimbo da corporação, selo do editor (após 1970).
Técnicas de gravura
Xilogravura – técnica que usa como matriz a madeira. A cor fica nas áreas não gravadas. Para impressão é possível utilizar uma colher ou prensa.
(i) xilo de fio – madeira cortada no sentido vertical da árvore;
(ii) xilo de topo – madeira cortada no sentido horizontal da árvore. Produz traços mais finos.
Linóleo – técnica que utiliza uma placa de borracha como matriz. Ausência de traços finos e de tons de cinza.
Calcogravura ou Gravura em metal -
(i) Buril – é um instrumento de metal que pode ser utilizado tanto em chapa de cobre quanto em madeira. Produz traços limpos e precisos, não produzindo rebarbas no metal. Não há uso de ácidos.
(ii) Ponta seca – processo onde se utiliza uma ponta de aço para desenhar sobre a placa de metal. Não tem auxílio de ácidos. Os riscos podem ter diferentes profundidas, fazendo com que na hora da impressão surjam diferentes tons. Na margem dos traços ficam arestas (rebarbas). O traço impresso apresenta veladuras cinzas em volta do preto.
(iii) Água forte – A chapa é polida, desengordurada e coberta com verniz. O desenho é feito com agulha sobre o verniz e então a chapa é mergulhada em ácido (nítrico ou percloreto de ferro, por exemplo). As partes envernizadas não sofrem corrosão. Permite diferentes profundidades, de acordo com o tempo de exposição ao ácido. O verniz é limpo e a chapa entintada.
(iv) Águas tintas – processo que utiliza uma resina em pó (breu ou asfalto), verniz e ácido para confecção do desenho sobre a matriz. Permite a obtenção de uma variação tonal.
(v) Maneira negra/mezzotinta – como na xilogravura, parte do preto. É a única impressão em metal impresso com a técnica do côncavo. As passagens do preto ao branco são suaves, os brancos não são muito contrastantes. Não permite uma tiragem grande.
(vi) Verniz mole – É aplicado sobre a chapa, um verniz que não seca totalmente, sobre ele colocasse um papel fino, onde será feito o desenho. A placa é, posteriormente, colocada em ácido. Os traços ficam idênticos ao lápis. Pode-se também utilizar tecidos para criar texturas.
LITOGRAFIA – O desenho é feito sobre uma pedra calcaria porosa. Essa técnica se baseia na repulsão entre água e óleo. É o processo mais direto com relação ao desenho.
SERIGRAFIA – A matriz nesse caso é uma tela. A gravação é feita com o uso de emulsões fotossensíveis e luz ultravioleta. A tela age como uma máscara e a tinta passa apenas pelas partes não isoladas. Para cada cor a ser utilizada deve ser produzida uma tela específica. Essa técnica permite a impressão em uma diversidade de suportes e dimensões. Quando a tinta é grossa demais a impressão fica com marcas da trama de seda.
PAPELOGRAFIA – Estampagem feita com impressão em relevo.
TECNICA MISTA – Gravuras onde se utilizam mais de uma técnica de gravação
Referências bibliográficas:
BUTI, Marco e LETYCIA, Anna (Orgs.). Gravura em Metal. São Paulo: Edusp, 2002
CAMARGO, Iberê. A Gravura. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1992
DASILVA, Orlando. A Arte Maior da Gravura. Rio de Janeiro: Espade, 1976
HERSKOVITS, Anico. Xilogravura: Arte e Técnica. Porto Alegre. Tchê!, 1986
Introdução ao conhecimento da Gravura em Metal. MNBA, PUC, Funarte. Rio de Janeiro. 1981
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